O rodízio de capitães no Corinthians tem data para acabar, ao menos neste ano: 12 de dezembro. Escolhido por Tite como o responsável pela tarja nos dois jogos do Mundial de Clubes do Japão, Alessandro terá a chance de erguer sua terceira taça consecutiva no clube – na do Brasileirão de 2011, porém, dividiu o momento com Chicão, durante a festa, no Rio.
Em evento na noite de terça-feira, o lateral de 33 anos minimizou a importância do status, mas admitiu a emoção por ter a chance de ter a imagem eternizada, como aconteceu na final da Libertadores.
– Não é uma preocupação ou uma vaidade. Se chegar o dia e eu não for o capitão, não vou ficar triste. Respeito meus companheiros e sei que eles também têm condições de ser em algum momento, como já foram. Não sei se é pelo tempo, pelo meu jeito, por entender mais o clube, pelo carinho que tenho pelo time. Mas se eu realmente tiver o privilégio, provavelmente vai ser o momento mais feliz da minha vida.
Contratado em 2008 em meio à reconstrução do clube, o lateral desde o princípio mostrou espírito de liderança. Tanto que, junto dos dirigentes, tentou convencer amigos a aceitarem o desafio de jogar a Série B pelo Timão. O atacante Kleber Pereira, no Santos, rejeitou.
– É o atleta que há mais tempo está aqui, que veio da Segunda Divisão e abraçou a causa do Corinthians. Porque é muito fácil vir quando o Corinthians é o campeão da Libertadores – afirmou Tite ao programa “Esporte Fantástico”, da TV Record, confirmando a escolha do jogador no Mundial.
No período no clube, Alessandro conquistou cinco títulos – todos sendo titular na maior parte dos jogos. William, Ronaldo e Chicão foram os últimos “donos” da faixa, até o zagueiro perdê-la no último Brasileirão. Hoje, ele não quer nem escutar a hipótese de deixar o Timão:
- Se eu chegar no Alessandro e disser que tenho proposta para ele sair, ele rescinde comigo. Vai se aposentar lá - disse, Régis Marques Chedid, empresário do jogador.
Para fomentar lideranças dentro do grupo, Tite promoveu o rodízio da faixa durante toda a temporada. Mas, como um prêmio a um dos “funcionários” mais antigos e dedicados, Alessandro será condecorado em dezembro.
É ele o líder!
Alessandro na visão dos seus companheiros:
"Com ele como capitão, já ganhamos duas taças (Brasileiro e Liberta). Tem de erguer mais!"
Ralf, sobre a escolha de Tite
"É um jogador que tem o respeito de todos, um líder de caráter, que está faz tempo no clube"
Cássio, sobre o perfil de liderança do capitão
"É o atleta que mais tempo está aqui, veio da Segunda Divisão e abraçou uma causa"
Tite, em 7/11, anunciando a escolha do capitão
Bate-Bola
Alessandro
Lateral-direito do Corinthians, na entrega do troféu fair play, terça à noite
Havia enorme pressão para vocês vencerem a Libertadores. Estão mais leves sobre o Mundial?
Estamos mais realizados pela conquista, sim. Isso dá um pouco mais de tranquilidade para seguir, mas não tira nosso foco do Mundial, longe disso. Sabemos que a receita é estar focados e determinados, mas a cobrança excessiva do título passou, porque conseguimos. Mas, a dias da estreia, as atenções estarão todas voltadas para o Corinthians e a expectativa aumentará. A tensão será maior, mas estamos prontos para administrá-la.
O Mundial pode ser o seu sexto título em cinco anos...
O título da Série B foi muito importante, mas o do Paulistão foi mais, e o da Copa do Brasil maior ainda, porque fomos para a Libertadores. Depois veio Brasileiro e Libertadores, o maior sonho do torcedor. Agora é Mundial. O clube já tem, mas vai querer ter mais ainda. É um privilégio passar pelo clube nesse momento de conquistas, nessa fase maravilhosa de organização e de pessoas competentes.
Você teve a coragem de acertar com o clube na pior fase da história, entre o fim de 2007 e início de 2008. Por isso merece ser capitão?
Não só eu, mas muitos que chegaram para a Série B têm de ser parabenizados dessa forma por realmente terem encarado um desafio tão difícil. Sei que muitos não vieram, não tiveram coragem, mas tenho certeza de que essas pessoas se arrependem de não ter tido o privilégio... Não é oportunidade, é o privilégio de jogar pelo Corinthians (do atual grupo, além de Alessandro, só Chicão e Douglas foram contratados em 2008).
Vai se aposentar mesmo no fim de 2013? Já está se preparando?
Sim, estou. O meu contrato termina no fim de 2013 e não tenho pretensão de passar por outro clube. Vou estar a dias de completar 35 anos, mas cravar que em dezembro de 2013 vou parar é difícil. Porque o atleta, se estiver em condição física boa, dependendo do momento que viver no clube pode estender ou não. Mas estou me preparando para cumprir da melhor maneira. E, se parar, parar com muito orgulho.