Com quatro gols – inclusive o do empate por 1 a 1 com o Santos, que
deu a vaga na final –, Danilo é o cara da Libertadores. Mas podia não
ser. Não era para ser. Há três anos, o Corinthians sonhava com Riquelme,
meia do Boca Juniors (ARG) e rival na decisão das duas próximas
quartas, para ser o homem que daria a glória inédita.
Sem sucesso
nas negociações com o craque argentino, Danilo foi o escolhido e
contratado após deixar o Kashima Antlers (JAP). Hoje, o camisa 20 do
Timão é a maior esperança para o título, enquanto o camisa 10 do Boca, o
maior temor.
O fato é que Riquelme nunca se empolgou para deixar a Argentina e ser o ídolo do “bando de loucos”.
–
Ele nunca teve interesse de vir. Não se sentia seguro em sair. O
Corinthians nunca chegou a falar com ele pessoalmente, apenas com seus
representantes – afirmou uma pessoa ligada à diretoria na época.
Os
primeiros contatos foram feitos em junho de 2009, arquitetados pelo
então presidente Andrés Sanchez e a DIS, braço esportivo do Grupo Sonda.
A empresa pagaria cerca de R$ 4,5 milhões ao Boca e seria recompensado
com percentual de outros atletas do Timão. O clube argentino, em crise
financeira, aceitou. Mas Riquelme fez diversas exigências e nem um
salário maior ao que ganhava o convenceu. Ídolo e com amor recíproco ao
Boca, não quis abandonar o clube em um momento conturbado.
Principalmente porque havia dado a palavra ao presidente falecido (em
2008) Pedro Pompilio que cumpriria o contato – que acabaria apenas no
fim de junho de 2010.
Foram duas reuniões com representantes do
jogador em Buenos Aires (ARG) em vão. No fim de 2010, o atual presidente
Mário Gobbi Filho (na época diretor de futebol) disse em entrevista que ficou perto de sair, mas o clube desistiu por ser uma "loucura financeira".
Danilo
foi a realidade. Fracassou como camisa 10 da Libertadores de 2010, ano
do centenário, e era reserva na eliminação para o Tolima (COL) em 2011.
Até começar a ser o ponto de equilíbrio, o cara da campanha do Penta e,
agora, na Libertadores.
DUELO DOS MAESTROS DO TIMÃO...
Nome
Danilo Gabriel de Andrade
Nascimento
11 de junho de 1979 (33 anos), em São Gotardo (MG)
Altura e peso
1,86m e 80kg.
Clubes
Goiás (1999-2003), São Paulo (2004-2006), Kashima Antlers-JAP (2007-2009) e Corinthians (2010 até os dias atuais).
Títulos na carreira
Goiás:
Campeonato Goiano (1999, 2000, 2001 e 2003) e Copa Centro-Oeste (2000,
2001 e 2002); São Paulo: Campeonato Paulista (2005), Libertadores
(2005), Mundial (2005) e Brasileirão (2006); Kashima Antlers: Campeonato
Japonês (2007, 2008 e 2009), Copa do Imperador (2007) e Supercopa do
Japão (2009); Corinthians: Brasileirão de 2011.
Seleção Brasileira
Nunca foi convocado.
DO BOCA...
Nome
Juan Román Riquelme
Nascimento
24 de junho de 1978 (33 anos), em Buenos Aires (ARG).
Altura e peso
1,82m e 75kg.
Clubes
Boca Juniors-ARG (1996-2002, 2007 e 2008 até hoje), Barcelona (2002-2003), Villareal (2003-2007 e 2008).
Títulos
Boca
Juniors: Torneio Clausura (1998/1999), Torneio Apertura (1998/1999,
2000/2001, 2008/2009 e 2011/12), Copa Libertadores (2000, 2001 e 2007),
Mundial (2000), Recopa Sul-Americana (2008); Villareal: Taça Intertoto
(2003); Barcelona: Troféu Joan Gamper (2002).
Seleção Argentina
Pela
seleção argentina sub-20, foi campeão mundial em 1997. Conquistou
medalha de ouro na Olimpíada de 2008. Pela seleção principal, não
conquistou título. Sua única Copa do Mundo foi em 2006, na Alemanha. Foi
vice na Copa América de 2007, conquistada pelo time de Dunga.
OPINIÃO DOS COLUNISTAS
Mauro Beting
"O
Danilo tem sido muito importante para o Corinthians, até na função que
não é bem a sua, que é ao fazer gols decisivos. principalmente nos
lances de bola parada, em que ele tem sido muito feliz. É um jogador
muito inteligente desde o Goiás, sempre bem taticamente e fisicamente,
vai bem no posicionamento defensivo, no cabeceio no ataque, é um jogador
de grupo, muito querido, é importante. Não é um mastro, embora o
twitter dele coloque isso, joga até por dentro no 4-2-3-1, mas não tem a
qualidade e o físico para pensar o jogo e desequilibrar. Ele foi muito
importante no São Paulo, na semifinal contra o River foi muito
importante, fez o primeiro gol no Morumbi, numa canhotassa cruzada, mas
não é o maestro e num tem comparação, o Riquelme é brilhante, são
incomparáveis, ele é muito mais jogador, é a referência, mesmo no boca
2001 2003 era o cara que desequilibrava, naquelas equipes que eram super
competitivas e copeiras, talvez num fossem tudo aquilo sem o talento do
Riquelme. Ele destroi, até nesse time que é mais fragil que os demais,
mas ele é referência. O boca a todo momento procura o Riquelme, quando
não é a própria bola que procura o Riquelme".
Victor Birner
"O
Boca e o Corinthians jogam de maneira diferente. O Riquelme é O jogador
de criação do Boca, que atua com três volantes, com o Moche aberto e o
Santiago na frente. Ele é o responsável, ele pensa o jogo. O Danilo
também pensa o jogo, mas o Corinthians joga diferente, tem menos
profundidade ofensiva. O Danilo marca mais, pode fazer inversão com o
centroavante, já que o Alex volta para ajudar, pode jogar pelo centro ou
pelo lado na linha de três. Já o Riquelme, não, ele é o meia clássico,
ambos coordenam o jogo, mas o Riquelme tem menos chegada a area, embora
faça gols. São estilos diferentes. O Riquelme tem o drible, é um jogador
mais clássico, mas o passe do Danilo é excelente, o chute, o cabeceio,
ele marca muito bem, é tático. Danilo completa o que falta no meio. Ele
joga para o time . Já no caso do Riquelme, o time joga para ele".
Benjamin Back
"O
Riquelme é o diferencial do Boca. Se ele não joga, faz uma falta
enorme. E apesar da idade, é diferenciado, com bom toque de bola, que
faz a jogada para decidir. O Danilo às vezes pode até não aparecer muito
para a torcida, mas é muito importante taticamente para o time. Ele é
meio iluminado. Em jogos decisivos ele tem sido destaque, é experiente,
acostumado com decisões, não treme e não pipoca. Às vezes as atenções
ficam focadas em outro, mas nas decisões quem decide é ele".
Fonte: Lancenet